(...) " Problemas, questões, imagens, distracções, alegrias e tristezas, decisões… Por vezes difíceis… detesto… detesto “gerir” Homens… detesto ter de pensar quando os mais interessados não pensam, não pensam neles próprios…detesto ter de pensar em pessoas…e nas pessoas… Penso, tantas vezes, “Façam com que eu trabalhe com máquinas…” Mas não, tenho de “gerir” Homens…
Tudo, durante um dia acontece…
Chega por fim, o seu fim…o fim de mais um dia…
Fecho a minha “máquina” infernal…
“Até amanhã”… digo, desta vez não ouço nada…Olho pela janela e reparo que pela primeira vez no dia, estou sozinho, sem ninguém para “gerir”… São os meus momentos de pensar, de reflectir… cinco ou dez minutos de Paz… Compensam o dia de labuta que agora termina… Por agora…
Pego nas chaves, na carteira, sem dinheiro… continua sempre sem dinheiro…apenas algumas moedas no bolso... é normal, sou assim...
Fecho a porta… dizendo desta vez… “até amanhã ”
Chave do carro, no carro, e o seu “coração” volta novamente a bater…
Parto novamente, com destino… desta vez quase certo…
A ponte sobre o Tejo, e desta vez, fica, Lisboa pelas costas…
Sinto que se despede de mim, tentando mostrar-se desta vez dourada…
As luzes das avenidas, ruas e vielas, começam agora a acender-se… como pequenas almas que vão mantendo a Vida na cidade… mas a cidade necessita de dormir… a cidade precisa de descansar do seu dia…
O Sol, este, como que fazendo-me companhia até ao fim, vai-se deitando, à minha frente, dando uma cor dourada, ao outro lado… o lado para onde vou…
Só ainda não sei bem qual o meu destino… Esse é quase certo…
Chego ao meu destino… a um destino…o Sol, como que de um amigo se tratasse não me abandona enquanto não chego…
Chego… o Sol diz-me “ Até amanhã amigo”…respondo dando-lhe um abraço do tamanho do Mundo… “Até amanhã caro”… respondo… ninguém ouve, apenas aquele… o Sol, só ele me ouve. " (...)
( Texto de autor desconhecido )
( Fotografia de Fernando Aires Ferreira )
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